A intimidade desnuda o nosso emocional e instintivo: sem repressões espirituais, racionais e sociais, na intimidade, no lar, cada um é o que é, ou tenta ser o mais autêntico na sua essência.
No lar, o esposo tira a sua farda de general, seu terno de diretor ou autoridade funcional, sua fachada social, e passa simplesmente a ser o marido, o pai, o chefe da casa, quase sempre submisso à "dona da casa" e aos caprichos e cobranças dos filhos, o que acontece normalmente, com destacadas exceções.
O esposo diante da esposa, a esposa diante do esposo, se destrincham, se expõem à vontade. Cada um quer ser ou até pode ser o que é ou o que pode. Porém, poucas vezes, cada um deve ser o que deve ser como esposo, esposa, pai, mãe, filho ou pessoa humana.
A intimidade afetiva afrouxa o respeito conjugal, paternal ou filial (quando esse respeito ainda exista). A autoridade dos pais fica ameaçada pelas manipulações emocionais dos filhos. Assim, a intimidade afetiva torna-se o céu ou o inferno, como no caso dessa chacina, se é que as notícias estejam corretas.
O filho Marcelinho, um abandonado dentro do lar e aos cuidados da babá virtual Internet, sem a devida censura, participante emocional de assassin's creed (como milhões de jovens), carente da paz e da fidelidade conjugal dos pais; ele, o Marcelinho, passou a sofrer da violência no lar, na intimidade afetiva infernal.
Tais condições ou circunstâncias favorecem o puxar do poderoso gatilho da intimidade afetiva, que:
1º) Convulsiona o tanatos de Freud, com seus instintos agressivos, destrutivos, mortais e criminosos;
2º) Promove crises de transtornos mentais ou de doenças mentais latentes ou já diagnosticadas.
Quem apertou esse gatilho para que houvesse a chacina de Brasilândia, os casos Suzane Von Richthofen, Nardoni e Jatobá, Mércia Nakashima e, através da história, Hitler e os que tais?
Philip Zimbardo, vetusto, famoso e eminente psicólogo entrevistado da revista Veja, de 21 de Agosto de 2013, afirma: "o mal está dentro de todos nós". A Bíblia já afirmara desde quando Eva e depois Adão experimentaram o bem e o mal do fruto da fatídica árvore do conhecimento do bem e do mal. Assim, se o "mal está dentro de todos nós", o bem está dentro de todos nós também.
Na Antiguidade, esse fenômeno já era proclamado: o bem e o mal, a luz e as trevas, o yang e o yin, o eros e o tanatos de Freud. Na intimidade afetiva, sem as repressões já citadas, cada um pode ser o que é, sem vergonha de o ser, sem as "folhas de figueira" urdidas por Adão e Eva, no Éden, após a transgressão.
A intimidade emocional é o gatilho que dispara o bem e o mal que "está dentro de todos nós"; e daí quem é o culpado? Que profunda compaixão desse filho abandonado dentro do lar da e na intimidade. Marcelinho, vítima? Sim! Culpado? A justiça dos homens, legal, oficial, "cega" de misericórdia e ávida de ira (punição) vai apurar.
Eximir-se da responsabilidade, da escolha frustrada, da culpa, é um fenômeno primordial do ser humano: Adão culpa Eva, Eva culpa a serpente, e a serpente...? Intimidade emocional no lar, no bem, no mal, no romance, na violência, na guerra, na saúde, na doença... "assim caminha a humanidade", desde sempre, ensinando tudo, mas nunca aprendendo a AMAR.
Que contraste entre as culturas e a realidade de cada ser humano! Cada vez mais distantes, complexos, antinaturais e isolados em sua própria vaidade, cobiça e interesse. E chamam tudo isso de "Era da Comunicação". Que comunicação sem intimidade afetiva, não saudável, não produtiva, virtual, tecnológica, artificial: fuga da real e infeliz convivência do lar, da saudosa intimidade racional no comando da emocional. Não se pode mudar esse curso da humanidade sem primeiro mudar o curso do próprio LAR - ninho primevo e insubstituível do ser humano!
A questão permanece e cada um procura um "caminho": diante do "mal que está dentro de todos nós", como conviver com o bem que está dentro de todos nós?
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