Mudanças e resgate da intimidade
afetiva.
Heráclito, Pré-Socrático, afirmou:
“A vida é mudança, eterna mudança”.
Com a devida permissão desse pioneiro
filósofo, acrescento à sua afirmação:
Você é livre para escolher, mudar
para o bem ou para o mal.
Vimos que a intimidade afetiva é o
gatilho que dispara, em determinadas circunstâncias, o que está no íntimo de
cada ser humano:
O bem ou o mal;
O amor e o ódio;
A verdade ou a mentira;
A justiça ou a injustiça;
O espiritual ou o racional;
O racional ou o emocional;
O emocional ou o instintivo;
O mental ou o físico;
O Eros (vida) ou o Tanatos (morte);
O Yan ou o Yin;
A luz ou as trevas;
O etc. ou o etc..
A lista dos contrastes que estão no íntimo da cada um
não tem fim. São qualidades ou crueldades conscientes, consequentes ou
inconsequentes.
Esse gatilho da intimidade dispara toda bondade que há
dentro de todos nós, os humanos.
Puxa até mesmo crises de transtornos mentais ou físicos
latentes ou diagnosticados. Por isso, cada um é bom, às vezes, fora do lar;
dentro do lar, o mau caráter se revela, explicando os famosos “Casos de Família’’ do SBT, os conflitos
conjugais, familiares, fraternos, que podem originar tragédias, como as chacinas
já citadas.
A Psicanálise do genial Freud explica como os
mecanismos de repressão dos instintos, emoções, sentimentos e desejos estão
vinculados ao equilíbrio emocional.
Quando, na intimidade, se rompe esse famigerado
equilíbrio, o inconsciente reprimido traz à tona o animal enjaulado dentro de
cada ser humano. Haja vista as animalescas expressões de torcidas, de
jogadores, de dependentes, de fanáticos e até de romanticamente apaixonados!
Rompem-se os fundamentos do respeito, da
responsabilidade, da educação, da moral, da ética, etc; e o ódio e seus
desdobramentos operam livremente, sob as mais variadas ações e reações,
verbais, físicas, até crimes hediondos e chacinas. Entrevistas diárias (como as dos
apresentadores Datena, Marcelo Resende), entrevistas psicológicas e psiquiátricas
como as do Jô Soares são suficientes para comprovar o que estamos colocando
nesta matéria.
Infelizmente a humanidade nunca foi diferente, como o
provam a Pré-História e a História.
Porém, aqui nos restringimos à intimidade de cada um,
já que em pouco ou em nada podemos mudar a humanidade, caso contrário, graças
aos esforços dos sábios, filósofos, religiosos, teólogos, psicólogos, sociólogos
de todos os tempos, já teriam domesticado o animalesco humano!
É bem o “salve-se quem puder ” quando a questão é sobrevivência, necessidades,
ambição de poder, competição de mercado, de religiões, de partidos políticos,
de discriminados, enfim, do egoísmo de cada ser humano.
Esta é a regra, mas há exceções. A fonte que gera o
caráter individual, coletivo, da cultura, da civilização, essa fonte é mais
importante do que o próprio caráter.
A fonte é a natureza humana e não o caráter, o
temperamento, a constituição.
A natureza humana, após a queda bíblica de Adão e Eva,
nunca foi diferente; já a personalidade é diferente e depende do indivíduo e do
meio. A personalidade, como um todo, ou o caráter em particular é relativa:
muda no tempo e no espaço, voluntária ou involuntariamente, consciente ou
inconscientemente. Todo caráter tem o seu preço, sua relatividade em relação à
saúde ou a doença, em relação aos interesses e circunstâncias.
Assim, a personalidade como um todo pode sofrer
desvios, alterações, desequilíbrios, doenças. Aqui entra a intimidade afetiva
que facilita a expressão voluntária ou automática de cada personalidade. É o
gatilho que dispara tais crises de personalidade.
Toda religião, filosofia, psicologia, teologia, etc., são montadas a partir desta particularidade de personalidade. Por isso, não são
verdades absolutas, mas verdades (ou falsidades) dependentes da personalidade
humana. Daí o sem fim, na história, de religiões, filosofias, psicologias,
teologias, cada qual arrogando-se detentora da verdade, mesmo que em nome dessa
verdade se leve ao terrorismo das Torres Gêmeas, à guerra civil da Síria, à
exploração capitalista, política, religiosa, científica e tecnológica!
Porém, tudo muda quando partimos da imutável natureza
humana, na sua essência, imutável desde a queda bíblica, no tempo e no espaço.
O ser humano é o mesmo desde sempre, após a queda!
Todas as propostas religiosas, filosóficas, etc., são
válidas ou não, relativas em relação às mudanças do caráter, da personalidade. Muda para o bem ou para o mal, a personalidade, mas nunca a imutável natureza humana!
Desde a citada queda, a natureza humana é bipolar: oscila
entre o polo do bem e do mal e seus desdobramentos. O movimento é pendular.
Este continuum do bem para o mal e vice e versa já se tornou científico, para
explicar os fenômenos biológicos da saúde e da doença.
Assim é a natureza humana e assim caminha a
humanidade, ora produzindo culturas do bem, ora culturas do mal, em todas as
áreas humanas.
Somos flexíveis feliz e infelizmente, como humanos,
contrastando com a feliz fixidez animal. Se é que cabe o termo feliz, pois cada
um dá o sentido que quiser ao termo felicidade, seja mental, física ou material:
o que é felicidade para um, é desgraça para o outro, daí os conflitos humanos.
Até aqui o que se consegue é reforçar o bem, para
dominar o mal que está dentro de todos nós.
Isto torna a condição humana ambígua: bem individual
nem sempre é bem coletivo e vice e versa!
Democracia (quando existe) é um bem coletivo, mesmo em
detrimento do bem individual.
Ditadura é também ambígua.
Todas as soluções humanas para os problemas da
personalidade e da coletividade são ambíguas, daí sempre haverá os
insatisfeitos, frustrados, infelizes. A alma humana não encontra o seu repouso, a sua paz, o seu descanso, a sua satisfação permanente: é tudo transitório e condicional. Nada é perfeito em
relação à essência e à existência humanas.
Então, como mudar, resgatar a intimidade?
Continua...
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