segunda-feira, 2 de setembro de 2013

CHACINA DA VILA BRASILÂNDIA E OUTRAS SEMELHANTES

Mudanças e resgate da intimidade afetiva.

Heráclito, Pré-Socrático, afirmou:
“A vida é mudança, eterna mudança”.

Com a devida permissão desse pioneiro filósofo, acrescento à sua afirmação:
Você é livre para escolher, mudar para o bem ou para o mal.

Vimos que a intimidade afetiva é o gatilho que dispara, em determinadas circunstâncias, o que está no íntimo de cada ser humano:

O bem ou o mal;
O amor e o ódio;
A verdade ou a mentira;
A justiça ou a injustiça;
O espiritual ou o racional;
O racional ou o emocional;
O emocional ou o instintivo;
O mental ou o físico;
O Eros (vida) ou o Tanatos (morte);
O Yan ou o Yin;
A luz ou as trevas;
O etc. ou o etc.. 

A lista dos contrastes que estão no íntimo da cada um não tem fim. São qualidades ou crueldades conscientes, consequentes ou inconsequentes.

Esse gatilho da intimidade dispara toda bondade que há dentro de todos nós, os humanos.

Puxa até mesmo crises de transtornos mentais ou físicos latentes ou diagnosticados. Por isso, cada um é bom, às vezes, fora do lar; dentro do lar, o mau caráter se revela, explicando os famosos  “Casos de Família’’ do SBT, os conflitos conjugais, familiares, fraternos, que podem originar tragédias, como as chacinas já citadas.

A Psicanálise do genial Freud explica como os mecanismos de repressão dos instintos, emoções, sentimentos e desejos estão vinculados ao equilíbrio emocional.

Quando, na intimidade, se rompe esse famigerado equilíbrio, o inconsciente reprimido traz à tona o animal enjaulado dentro de cada ser humano. Haja vista as animalescas expressões de torcidas, de jogadores, de dependentes, de fanáticos e até de romanticamente apaixonados! 

Rompem-se os fundamentos do respeito, da responsabilidade, da educação, da moral, da ética, etc; e o ódio e seus desdobramentos operam livremente, sob as mais variadas ações e reações, verbais, físicas, até crimes hediondos e chacinas. Entrevistas diárias (como as dos apresentadores Datena, Marcelo Resende), entrevistas psicológicas e psiquiátricas como as do Jô Soares são suficientes para comprovar o que estamos colocando nesta matéria.

Infelizmente a humanidade nunca foi diferente, como o provam a Pré-História e a História.

Porém, aqui nos restringimos à intimidade de cada um, já que em pouco ou em nada podemos mudar a humanidade, caso contrário, graças aos esforços dos sábios, filósofos, religiosos, teólogos, psicólogos, sociólogos de todos os tempos, já teriam domesticado o animalesco humano!

É bem o “salve-se quem puder ” quando a questão é sobrevivência, necessidades, ambição de poder, competição de mercado, de religiões, de partidos políticos, de discriminados, enfim, do egoísmo de cada ser humano.

Esta é a regra, mas há exceções. A fonte que gera o caráter individual, coletivo, da cultura, da civilização, essa fonte é mais importante do que o próprio caráter. 

A fonte é a natureza humana e não o caráter, o temperamento, a constituição.

A natureza humana, após a queda bíblica de Adão e Eva, nunca foi diferente; já a personalidade é diferente e depende do indivíduo e do meio. A personalidade, como um todo, ou o caráter em particular é relativa: muda no tempo e no espaço, voluntária ou involuntariamente, consciente ou inconscientemente. Todo caráter tem o seu preço, sua relatividade em relação à saúde ou a doença, em relação aos interesses e circunstâncias.

Assim, a personalidade como um todo pode sofrer desvios, alterações, desequilíbrios, doenças. Aqui entra a intimidade afetiva que facilita a expressão voluntária ou automática de cada personalidade. É o gatilho que dispara tais crises de personalidade.

Toda religião, filosofia, psicologia, teologia, etc., são montadas a partir desta particularidade de personalidade. Por isso, não são verdades absolutas, mas verdades (ou falsidades) dependentes da personalidade humana. Daí o sem fim, na história, de religiões, filosofias, psicologias, teologias, cada qual arrogando-se detentora da verdade, mesmo que em nome dessa verdade se leve ao terrorismo das Torres Gêmeas, à guerra civil da Síria, à exploração capitalista, política, religiosa, científica e tecnológica!

Porém, tudo muda quando partimos da imutável natureza humana, na sua essência, imutável desde a queda bíblica, no tempo e no espaço. O ser humano é o mesmo desde sempre, após a queda! 

Todas as propostas religiosas, filosóficas, etc., são válidas ou não, relativas em relação às mudanças do caráter, da personalidade. Muda para o bem ou para o mal, a personalidade, mas nunca a imutável natureza humana!

Desde a citada queda, a natureza humana é bipolar: oscila entre o polo do bem e do mal e seus desdobramentos. O movimento é pendular. Este continuum do bem para o mal e vice e versa já se tornou científico, para explicar os fenômenos biológicos da saúde e da doença.

Assim é a natureza humana e assim caminha a humanidade, ora produzindo culturas do bem, ora culturas do mal, em todas as áreas humanas.

Somos flexíveis feliz e infelizmente, como humanos, contrastando com a feliz fixidez animal. Se é que cabe o termo feliz, pois cada um dá o sentido que quiser ao termo felicidade, seja mental, física ou material: o que é felicidade para um, é desgraça para o outro, daí os conflitos humanos.
Até aqui o que se consegue é reforçar o bem, para dominar o mal que está dentro de todos nós.

Isto torna a condição humana ambígua: bem individual nem sempre é bem coletivo e vice e versa!

Democracia (quando existe) é um bem coletivo, mesmo em detrimento do bem individual.

Ditadura é também ambígua.

Todas as soluções humanas para os problemas da personalidade e da coletividade são ambíguas, daí sempre haverá os insatisfeitos, frustrados, infelizes. A alma humana não encontra o seu repouso, a sua paz, o seu descanso, a sua satisfação permanente: é tudo transitório e condicional. Nada é perfeito em relação à essência e à existência humanas.

Então, como mudar, resgatar a intimidade?

Continua... 

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